Cansado.
25 Ene, 2025
Tiempo de lectura aprox. :
5 min.
0 votos

Cansado.


  Sob um céu vasto e silencioso, onde as estrelas pendem como diamantes, sinto o peso do mundo sobre os meus ombros, um fardo que devo agora colocar ao chão. Vivo tantos dias dos quais pareciam desenhados por outros, enquanto meus próprios sonhos eram pintados em cores desbotadas .

Caminhei pelas estradas construídas pelos desejos alheios, passo a passo, mas hoje percebo que esses passos não eram meus. Eles eram de um homem que se colocou em serviço do mundo e esqueceu de servir a própria alma.


  A estóica chama da razão agora ilumina meu caminho, convidando-me a olhar para dentro com clareza. Não há virtude em ser um escravo dos desejos e expectativas dos outros. Afinal, a essência do meu ser deve ser nutrida, não sacrificada no altar dos compromissos incessantes que não ressoam com meu coração.


  Cresci acreditando que o amor era puro serviço, que perdoar era sinônimo de esquecer e que sorrir era mais importante que sentir. Exaurido, percebo que existe uma diferença entre doar-me honestamente e perder a si mesmo na sombra dos outros. O relógio que marca o tempo não parou por mim, e as cortinas da vida ainda balançam na brisa dos dias que passam. E então, finalmente, ouço a verdade nas palavras dos sábios antigos: a liberdade não está em agradar aos outros, mas na ordem interior e no equilíbrio do espírito.


  Ainda que meus passos tenham me levado por caminhos difíceis, cada obstáculo criou uma mudança necessária. Está nos intervalos de silêncio entre uma obrigação e outra que encontro meu verdadeiro eu. Agora, entendo que dizer "não" é abrir espaço para um "sim" mais honesto e profundo. Hoje faço a escolha de não ser mais um arquiteto das ambições que não foram forjadas por minhas mãos.


  Nas asas da razão estóica, eu voo para além das expectativas há tanto tempo impostas. A vontade de viver com virtude não é renúncia ao mundo, mas um compromisso com minha própria humanidade. Com coragem, eu pisarei firmemente no terreno dos meus sonhos, abraçando a incerteza e confiando em minha capacidade de moldar o destino.


  Ergo meus olhos na direção de um horizonte que surge revelador. Deixo de ser um mecenas dos desejos que não são meus e assumo o papel do herói em minha própria narrativa. O mundo segue barulhento ao meu redor, mas encontro essa serenidade entre as vozes. Elas não são mais os aplausos do mundo, mas um murmúrio suave de minha consciência tranquila.


  Tenho aprendido, em meio à mais dura lição, que o verdadeiro heroísmo está na integridade da alma. Na recusa de ser menos do que sou capaz de ser, sinto a força de saber que o universo repousa em mim, não apenas ao meu redor. A qualquer momento, posso tombar novamente, mas minha essência permanecerá resiliente e vigilante.


  Ao me libertar das garras de uma vida que não era minha por direito, encontro prazer na quietude e graça na simplicidade. A paixão é reacendida na prática do desapego e na aceitação do que realmente importa. Discernir, portanto, torna-se uma arte e, ao olhar além das conquistas, vejo que a virtude é o bem maior que mesmo o maior tesouro do mundo poderia ofertar.


  No silêncio daquele céu escurecido, onde a quietude é uma amiga antiga, percebo que a vida é uma tentativa grandiosa de viver em harmonia com minha verdade. Já não preciso provar meu valor aos olhos dos outros; apenas colocar diante deles a integridade de meu ser. Meu espírito rejuvenescido firma sua promessa ao plano - dignidade em todas as ações, amor próprio que ecoa em cada escolha, e a ordem, como meu fiel guia.


  Neste espaço pacífico, sinto o sopro revitalizado de viver novamente - mas agora por mim e com simplicidade. A vida, ao final, é arte, e assim escrevo o poema de minha própria existência, com cores vibrantes e plena liberdade.


  Por: Patrick Vieira

88 visitas
Valora la calidad de esta publicación
0 votos

Por favor, entra o regístrate para responder a esta publicación.

Publicaciones relacionadas
Adimvi es mejor en su app para Android e IOS.