Amor, desejo e paixão.
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Amor, desejo e paixão.


  Nos intrincados labirintos da emoção, os sentimentos de desejo, amor e paixão se entrelaçam como um tecido vibrante, desafiando a simplicidade e firmeza de qualquer definição única. Para entender as similaridades e diferenças sociais, culturais, biológicas e psicológicas destes sentimentos, precisamos explorar o que se passa com mente e corpo quando estas emoções assolam nosso ser de maneira inesperada e talvez inexorável.


  O desejo é frequentemente o portão de entrada deste complexo sistema emocional, um gatilho inicial que é rápido e primitivo .

Na perspectiva da genética e biologia, o desejo é essencialmente um impulso químico desencadeado por hormônios como a testosterona e o estrogênio. Este sentimento pode ser subitamente ativado sob a simples visão de alguém considerado atrativo, fazendo com que as glândulas supra-renais liberem adrenalina. Quando o desejo se manifesta, o nosso coração acelera, a respiração se torna mais profunda e rápida, e os olhos dilatam numa resposta inconsciente à atração física.


  No escalão seguinte, temos a paixão, que se assenta sobre o desejo, mas se cimenta com mais intensidade emocional e temporal. A oxitocina e a dopamina, frequentemente associadas a sensações de prazer e recompensa, desempenham papéis fundamentais aqui. A dopamina, em particular, ativa circuitos cerebrais geralmente ativados por substâncias de vício, levando essa emoção àquilo que muitas vezes é uma sensação de dependência e urgência. Quando estamos tomados pela paixão, a pele pode arrepiar-se ao mero toque ou até mesmo à lembrança da pessoa amada, e a energia que circula no corpo cria aquela famosa ‘borboletagem’ no estômago.


  Já o amor destila tudo isso em uma substância mais serena, mas não menos profunda. O amor maduro e cultivado lentamente é igualmente enraizado na biologia, com níveis aumentados de oxitocina – frequentemente denominada o "hormônio do amor". Esta substância não apenas fortalece laços emocionais, mas cultiva a sensação de conexão e pertença. Cognitivamente, quando experimentamos amor, temos um fenômeno de "sincronização das almas", onde as expressões faciais, posturas corporais e até os ritmos cardíacos podem alinhar-se criando um estado de harmonia com a pessoa amada.


  Representando a ponta sofisticada deste espectro emocional está a interação comportamental oriunda destes sentimentos. No cenário sociopolítico contemporâneo de encontros e relacionamentos, eles exigem mais do que mera resposta instintiva. Desejo convoca nossa atenção, paixão pode sequestrar nossa clareza, mas é o amor, frequentemente construído nos momentos de gentileza e compreensão mútua, que nos convida a ver o outro em todas suas complexidades. Aqui, a pele talvez não transpirará de nervosismo, mas sim aquecerá no conforto do apreço verdadeiro.


  Para ligar a fisicalidade dos sentimentos à prática da vivência humana, observe um casal de idosos caminhando de mãos dadas. Essa simplicidade encapsula todo o ciclo desejado destas emoções sofisticadas, ilustrando como o que começou como desejo e paixão, mapeados através de respostas físicas, culminou em amor arraigado em segurança e companheirismo medido nos matizes de suas respirações harmoniosas.


  Esses sentimentos intensos coexistem e se confundem, revelando que o ser humano é, afinal, um complexo tecelão de experiências bioquímicas e narrativas emocionais. Nós não somente desejamos, amamos ou possuímos paixão – navegamos por estas sensações similares porém distintas, cada uma tocando num acorde diferente, porém eterno, do sentimento humano.


  A contemporaneidade nos leva a entender o quanto o desejo, a paixão e o amor são expressões fundamentais de resiliência emocional e biológica. São através deles que esculpimos não apenas quem somos, mas também como nos relacionamos, como aspiramos e, sem dúvida, como sobrevivemos na intricada tapeçaria de ação emo sócia-humanizável. Definitivamente, eles são parte de nós – ou nós somos parte deles.


  Por: Patrick Vieira

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