Após dois anos em casa, educadores notam que crianças e adolescentes chegam à sala de aula acostumados com o ritmo acelerado das redes sociais
Hoje, o maior desafio das salas de aulas não é matemática ou química, mas o acolhimento. Após o retorno às atividades presenciais, os educadores do Colégio Renascença, em São Paulo, perceberam que os estudantes se acostumaram com o ritmo das redes sociais e chegam à escola mais imediatistas e com dificuldades de lidar com as frustrações que a vida real impõe .O comportamento inspirou projetos de acolhimento socioemocional focados, sobretudo, nos adolescentes, para ouvi-los e ajudá-los a compreender melhor esta nova fase.
“Com a pandemia ocorreram cenários inéditos para os educadores também. Acolher e ter um olhar afetuoso para as diferentes experiências que crianças, jovens, educadores e famílias vivenciaram nesse período foi fundamental. Acompanhando os alunos cotidianamente de forma mais próxima, foram perceptíveis as marcas deixadas por esse período de isolamento social, como por exemplo: baixa tolerância às frustrações, dificuldade para lidar com os conflitos sociais, pouca escuta e um imediatismo que cresce acompanhando o ritmo das redes sociais”, comentam Fernanda Baldin Camargo e Alexandro Pereira, orientadores educacionais do Colégio Renascença.
A tarefa de acolher os alunos coloca desafios que ultrapassam a readaptação ao convívio coletivo, uma vez que é preciso acolher as experiências diversas de cada estudante durante o isolamento, como a perda de entes queridos ou até mesmo o medo de perdê-los. Nesse sentido, tem sido necessário trabalhar com os alunos aspectos que envolvem o autoconhecimento, a percepção de si, do outro e da sociedade, bem como competências que envolvem a relação do sujeito com o mundo, como a cooperação, empatia, escuta ativa, tolerância e solidariedade, explicam os educadores.
“O ambiente escolar é, sem dúvida, um laboratório social. É o espaço da experimentação, do contato com o outro, da construção da identidade e da valorização às diferenças. Durante a pandemia, ficamos afastados deste espaço em nome da saúde e segurança. As escolas se adaptaram e buscaram, de forma remota, proporcionar a interação para dar continuidade à construção do conhecimento, mas nada substitui o contato próximo, o olho a olho, a interação na vida real”, complementam.
A transição do virtual total para os conflitos da vida real aos poucos vai mostrando a importância do convívio, do papel educador do espaço escolar e dos conflitos para o desenvolvimento da capacidade de lidar com emoções complexas como a irritação e a frustração. Os trabalhos dos professores em parceria com as famílias já demonstram os benefícios e apontam para uma tendência: o acolhimento socioemocional agora é uma matéria indispensável.
“No Colégio Renascença, é parte do currículo trabalhar e desenvolver competências socioemocionais. Diversos projetos são realizados para oportunizar aos alunos situações em que possam refletir sobre o que é ser dentro de um contexto coletivo e de que forma podemos olhar para os conflitos como oportunidade de crescimento individual e enquanto comunidade”, finalizam. Para saber mais sobre o projeto pedagógico do Colégio Renascença, acesse: www.renascenca.br