Dezenove pontos atrás do ex-presidente Lula na última pesquisa eleitoral realizada pelo Instituto Datafolha, o presidente Jair Bolsonaro utilizou sua presença na Marcha para Jesus neste sábado, 25, para afirmar que o cenário político é uma “luta do bem contra o mal” e insuflar apoiadores a não deixarem “pintar a nossa bandeira de vermelho”, referência a cor do partido político do rival petista. Em Balneário Camboriú (SC), onde obteve 82% dos votos no segundo turno nas últimas eleições, o ex-capitão disse que tem um “Exército que se aproxima das 200 milhões de pessoas” para lutar em favor da democracia e combater aqueles que supostamente estariam dispostos a afrontar a Constituição .
Nesta sexta-feira vieram à tona trechos de interceptações telefônicas que, segundo a Polícia Federal, mostram que Bolsonaro pode ter interferido nas investigações sobre o esquema de corrupção instalado no MEC, o que levou o caso a ser remetido de volta ao Supremo Tribunal Federal (STF). Em uma conversa que travou com a filha, por exemplo, o ex-ministro disse que ouviu de Bolsonaro o “pressentimento” de que haveria busca e apreensão contra ele. Em outro diálogo, a esposa de Ribeiro afirma que o marido “já sabia” da ofensiva policial, o que sugere vazamento da operação.
“Sempre tenho falado das quatro linhas da Constituição. Tenho certeza que, se preciso for, e cada vez mais parece que será preciso, nós tomaremos as decisões que precisam ser tomadas. Cada vez mais eu tenho que Exército que se aproxima dos 200 milhões de pessoas nos quatro cantos do Brasil. (…) A democracia é (sic) vocês, vocês têm que dar o norte para todos nós”, disse. A seu lado estavam apoiadores como o ex-secretário da Pesca Jorge Seif, pré-candidato ao Senado, o senador Jorginho Melo, pré-candidato ao governo de Santa Catarina, além do presidente da Caixa Pedro Guimarães e do empresário Luciano Hang.
“É uma luta do bem contra o mal. A minha chegada a Brasília tirou da zona de conforto quem queria o mal no nosso país. Eles se uniram, solapam a nossa democracia, nos acusam do que eles verdadeiramente são, se julgam os donos da verdade, acham que podem tudo, até mesmo nos escravizar”, discursou o presidente.
Sem citar Lula nominalmente, Bolsonaro fez um paralelo entre o que ele defende e o que supostamente o adversário político seria favorável e disse que sua ascensão ao poder em 2018 “serviu para que o brasileiro de maneira geral começasse a entender o que é política e o que representa para nós cada um dos três poderes”. “Nessa briga do bem contra o mal nós sabemos o que está na mesa. Um lado defende o aborto, o outro é contra. Um lado defende a família, o outro quer cada vez mais desgastar os seus valores. Um lado é contra a ideologia de gênero, o outro é favorável. Um lado quer que seu povo se arme para que cada vez mais se afaste a sombra daqueles que querem roubar essa nossa tão sagrada liberdade – e eu tenho dito: ‘povo armado jamais será escravizado’”, disse.
Em seu discurso, o presidente ainda fez referências religiosas, criticou eleições em países sul-americanos que deram a vitória a políticos de esquerda, como o caso colombiano, em que se sagrou vitorioso Gustavo Petro, e voltou-se à realidade brasileira: “Qual o preço de fazer o bem ao próximo? Por que tanta avareza? Por que querer tanta concentração de poder? Por que lutar pelo poder a qualquer preço? Mesmo que custe bem-estar e sofrimento para o nosso povo, repito: seria muito mais fácil estar do outro lado”.
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