O presidente Jair Bolsonaro fez críticas ao aumento no preço do diesel e da gasolina, antes mesmo do anúncio da alta de 5% e 14%, respectivamente, ser anunciada pela Petrobras. Porém, na avaliação dos principais representantes dos caminhoneiros, a manifestação do presidente não colou e não conseguiu isentar Bolsonaro da responsabilidade sobre o valor dos combustíveis. A partir de sábado, a gasolina passa de 3,86 reais para 4,06 reais nas refinarias, enquanto o diesel sobe de 4,42 reais para 5,05 reais.
O representante dos caminhoneiros no Congresso Nacional, deputado Nereu Crispim (PSD-RS), solicitou ao presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), que coloque na pauta, em regime de urgência, o Projeto de Lei que cria o Fundo de Estabilização e suspende o Preço de Paridade de Importação (PPI). Para Crispim, o presidente “continua tentando retirar a sua responsabilidade” sobre a política de preços nos combustíveis .“É mais uma falácia para os caminhoneiros. (Bolsonaro) tenta responsabilizar terceiros quando a solução está na sua mão”, diz. O deputado defende a suspensão da resolução 05/2017 que criou o PPI.
Na esteira do novo aumento, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), anunciou reunião de líderes para a próxima segunda-feira, 20, com a finalidade de discutir a política de preços da Petrobras. Na noite de quinta, 16, Lira havia definido como “bombardeio” um novo reajuste de preços do diesel e da gasolina.
Wallace Landim, o Chorão, segue a mesma linha do colega Crispim, e critica o governo pela continuidade da política de paridade. “A grande falha e incompetência do governo Bolsonaro foi não ter reestruturado a Petrobras e suas operações no início do governo”, disse o presidente da Associação Brasileira de Condutores de Veículos Automotores (Abrava), em nota. “Bolsonaro precisa entender que ficar dando ‘xilique’ não resolve o problema”, complementou.
Landim aponta para “sérios riscos de falta de diesel” e reforça, inclusive, a possibilidade de greve dos caminhoneiros. “A verdade é que, de uma forma ou de outra, mantendo-se essa política cruel de preços, o país vai parar novamente. Se não for por greve, será pelo fato de se pagar para trabalhar. A greve é o mais provável”, diz.
Na avaliação dos representantes dos caminhoneiros, as propostas do governo ao problema, como a redução do ICMS, não terão efeito na diminuição dos preços. “Pode zerar todos os impostos que não vai resolver. A redução é momentânea e em pouco tempo a variação do dólar e do barril de petróleo vai engolir essa redução”, diz Nereu Crispim. A Abrava aponta para a “falha” do governo de Jair Bolsonaro em não adotar medidas com efeito de longo prazo na diminuição dos preços dos combustíveis. Ainda na perspectiva da associação representativa, o ministro da Economia, Paulo Guedes, seria o “principal responsável” pela atual política de preços.