Avanço de Lula na Região Sul deixa campanha de Bolsonaro em alerta
5 Jun, 2022
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Reduto bolsonarista desde a esmagadora vitória em 2018 também vive queda na aprovação do presidente


 


Por Diogo Magri, João Pedroso de Campos, Tulio Kruse Atualizado em 3 jun 2022, 09h10


- Publicado em 4 jun 2022, 08h00


Edição: Carlos Renner Prestes


 


 


Em uma casa de shows com capacidade para 5 000 pessoas e tomada por simpatizantes, no bairro Anchieta, na divisa entre Porto Alegre e Canoas, no Rio Grande do Sul, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) diz que gostaria de cantar duas músicas populares, Querência Amada e Céu, Sol, Sul, Terra e Cor, que exaltam as qualidades do estado e de seus moradores — mas recua dizendo  não saber cantar, no que serve de deixa para a plateia entoar parte de uma delas. Antes, havia citado o Internacional, para quem disse torcer, e o Grêmio, que chamou de “grande equipe” e lamentou que estivesse na Série B do Brasileiro .

E partiu para a política: elogiou Olívio Dutra e Tarso Genro, ex-governadores e ex-­prefeitos da capital e dois símbolos dos momentos de glória do petismo no estado — ambos no evento. Lembrou da reunião de quatro horas com Leonel Brizola em Resende (RJ) em 1989 para convencer o líder gaúcho a apoiá-lo no segundo turno presidencial. No palco, junto a líderes locais e dirigentes dos partidos aliados, também estava Dilma Rousseff, que embarcou na política pelas mãos do brizolismo. E, ao fim da longa introdução, mandou um recado direto aos gaúchos. “A minha relação com vocês é muito forte”, afirmou.


Nada era gratuito no discurso de Lula, e a primeira viagem de campanha com o vice Geraldo Alckmin (PSB) veio em momento conveniente: pesquisas apontam o avanço da sua candidatura na região e deixam em cheque a perspectiva de Jair Bolsonaro (PL) repetir o desempenho de 2018, quando teve em68% dos votos no segundo turno. Internamente, Lula tem dito que não há voto perdido — e os levantamentos de intenções de voto mostram, de fato, que a região pode estar experimentando uma virada à esquerda. O Datafolha mostra que o petista supera o rival nas pesquisas e reduziu a rejeição. Já Bolsonaro viu cair as intenções de voto e a avaliação positiva (veja o quadro abaixo). Levantamento concluído pelo Paraná Pesquisas no dia 20 já mostrara um Rio Grande do Sul dividido, com 46,3% aprovando Bolsonaro e 48,6% desaprovando.


As razões para os novos ventos nos pampas são variadas. O fator econômico, como em todo o país, influenciou, em especial a alta dos preços. “Sobre a situação econômica dos entrevistados no Sul, em março, 41% diziam que tinha piorado. Agora são 51%”, diz Luciana Chong, diretora do Datafolha. Lula sabia disso ao centrar o seu discurso em solo gaúcho nos preços dos alimentos, dos combustíveis e do botijão de gás. Outra variável pode estar ligada à saída da corrida presidencial de nomes de centro como João Doria (PSDB), Eduardo Leite (PSDB) e Sergio Moro (União Brasil). Em cenários que incluíam os três, a vantagem de Lula era de 6 pontos. Sem eles, subiu para 17. “É possível que o eleitor de centro, sem uma candidatura competitiva, migre para Lula por causa da rejeição a Bolsonaro. São eleitores que podem dar importância maior ao vice e, nesse sentido, Alckmin é um grande ganho”, avalia o cientista político Lucio Rennó, da UnB.


 


 

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