Ministro da Educação, Milton Ribeiro contradisse seu próprio áudio e negou que Bosonaro tenha pedido atendimento especial aos pastores (Crédito: Arquivo/Agência Brasil)
Depois da divulgação de um áudio em que o ministro da Educação, Milton Ribeiro, revela que o presidente Jair Bolsonaro (PL) pediu “prioridade” a pastores no Ministério da Educação (MEC), o prefeito de Luis Domingues (MA), Gilberto Braga (PSDB), disse que recebeu pedido de propina para protocolar uma demanda no MEC.
Em entrevista ao Estadão, o prefeito declarou que o pastor Arilton Moura pediu R$ 15 mil na hora e mais 1 kg de ouro (R$ 304 mil) para liberar a verba solicitada ao ministério. O religioso teria passado sua conta bancária para o recebimento do dinheiro.
“Ele (Arilton Moura) disse: ‘traz um quilo de ouro para mim’ .
Um vídeo postado no Instagram da prefeitura de Luís Domingues confirma que o prefeito reuniu-se com o ministro da educação em abril de 2021. O Estadão ainda mostrou que os pastores Gilmar Santos e Arilton Moura têm livre acesso ao MEC – eles admitem que usaram a relação com o ministro Milton Ribeiro para receber os prefeitos, mas negam qualquer contrapartid
Em nota, Ribeiro negou que Bolsonaro tenha pedido preferência aos pedidos dos pastores e que todas as solicitações de verbas são encaminhadas para avaliação da área técnica. “O presidente da República não pediu atendimento preferencial a ninguém, solicitou apenas que pudesse receber todos que nos procurassem, inclusive as pessoas citadas”.
O jornal O Globo, por sua vez, diz que Bolsonaro reuniu-se com os dois pastores em quatro oportunidades – uma delas a sós com Santos e, logo em seguida, com Ribeiro.
Os religiosos são acusados de integrarem um “gabinete paralelo” no MEC para controlar a distribuição de verbas públicas. Um áudio divulgado pela Folha de São Paulo nesta segunda-feira (21) mostra Ribeiro dizendo que Bolsonaro solicitou prioridade aos pedidos feitos por Gilmar Santos, que é presidente da Convenção Nacional de Igrejas – Ailton Moura é assessor da Assembleia de Deus.
“Minha prioridade é atender primeiro os municípios que mais precisam e, em segundo, atender a todos os que são amigos do pastor Gilmar. Foi um pedido especial que o presidente da República fez para mim”, afirma o ministro da educação no áudio divulgado.
Com a denúncia, internautas tornaram o termo “Bolsolão do MEC” entre os assuntos mais comentados do Twitter nos últimos dias. Eles cobram do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Procurador-Geral da República, Augusto Aras, o início das investigações.
O vice-presidente Hamilton Mourão disse na manhã desta quarta-feira (23) a jornalistas na entrada do Palácio do Planalto que há necessidade de investigação sobre as denúncias. No entanto, defendeu a permanência de Ribeiro no MEC.
“Minha visão a respeito do trabalho do ministro Milton é de que ele é uma pessoa honesta, ele tem honestidade de propósito, é uma pessoa extremamente educada, cautelosa nas coisas. Então, acho que tem que esclarecer melhor essa situação aí para se chegar a uma conclusão do que realmente ocorreu, e se realmente houve algo que não seja realizado dentro dos princípios da administração pública”, declarou Mourão.
Em reunião de lideranças evangélicas realizada nesta terça (22), o pastor Marco Feliciano (PL) e o filho do pastor RR Soares, David Soares (União Brasil), criticaram Ribeiro. Feliciano também admitiu que “o governo Bolsonaro está sangrando”.
Já o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) disse que “Ribeiro faz um trabalho fenomenal” e defende a permanência de Ribeiro.
Por fim, a jornalista Andreia Sadi, no G1, afirma que Ribeiro segue com o apoio do presidente, que teria ficado satisfeito por ter sido “blindado” pelo ministro da Educação na nota divulgada.